quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quem bate? É o frio...



Não adianta bater, eu não deixo você entrar...

Por Diego Polachini

Há aqueles que amam, outros, porém, detestam. Aquele moletom confortável ou a pantufa de bichinho engraçada são indispensáveis com a presença dele. Toucas, gorros, cachecóis também são fundamentais.

Ele mexe com o organismo. A respiração fica pesada e dificultosa. Parece que vai rasgar tudo por dentro. A pele resseca e racha. Motociclistas sentem de verdade o que é a sua chegada. Três, quatro blusas os protegem (ao menos tentam) das rajadas cortantes.

Sim, estou falando do frio. Ou da ausência de calor, como definiu meu amigo Alexandre Bordon em uma conversa de boteco. A chegada do inverno causa uma revolução no comportamento dos seres viventes sobre a face das terras de São José do Rio Preto.

Também não poderia ser diferente. Acostumados com fortes ondas de calor que se arrastam por mais de dois terços do ano, os rio-pretenses sofrem para se adaptarem com a ausência dos fumegantes raios de sol que tostam geral nossa moleira.

É no frio que as pessoas ficam mais charmosas. Sim, aquelas roupas pesadas de finos fios, guardadas a catorze chaves no guarda-roupa por longos meses são postas à exibição durante o dia e principalmente à noite.

As mulheres arrasam. Uma peça mais bonita que a outra. Mas o que mais chama a atenção e é de gosto da maioria são as tradicionais botas. De camurça ou de couro elas fazem a diferença. Já os homens, pra variar, preferem a velha e surrada jaqueta de couro e a infalível calça jeans.

Para dormir é uma delícia. Pelo menos pra mim. Eu me enrolo em duas mantas de pelo de carneiro que não sobra uma fresta para o ar gelado me tocar. Da mesma maneira que deito eu amanheço. Ao contrário do tempo de calor, que a cama parece pegar fogo.

O que dá mais trabalho é pra tomar banho. Penoso pra entrar na água, difícil de sair da deliciosa água fervente. Não são raras as vezes que noite ou outra a gente fica sem se banhar. A exemplo dos colegas franceses, talvez. Reza a lenda que seus infalíveis perfumes escondem a terrível necessidade de dar bom odor ao corpo que por vários dias não vê água. Pudera.

Bom, é isso. Minhas impressões sobre o frio são simplistas e heterodoxas. Talvez porque eu goste tanto dele quanto do calor, desde que não se prolonguem ao ponto de causar enjôo. A vantagem é que nesta época do ano nós podemos curtir um saboroso e caseiro quentão junino.