sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A cabeça do brasileiro - como nós pensamos



De volta ao labor

Por Diego Polachini

Olá companheiros. A partir de hoje vou retomar (mais uma vez) as postagens no meu blog. O tempo tem sido curto devido as inúmeras atividades, mas agora encontrei um motivo especial para voltar escrever.

Comprei um livro chamado 'A Cabeça do Brasileiro', de Alberto Carlos Almeida. Na sinopse o autor diz que seu conteúdo é "uma das maiores provocações em décadas", exatamente porque "analisa pequenos pedaços de evidências, e constrói personagens e costumes regionais, tentando chegar a uma relação entre personalidade e cultura, na mais clássica tradição antropológica".

Ou seja, o livro traz a análise de uma pesquisa qualitativa profunda de como pensa o brasileiro sobre os mais variados temas cotidianos, principalmente no que diz respeito ao comportamento social e à política. Todos os dias, conforme eu for lendo, vou trazer ao blog um resumo do que absorvi e até retransmitir as citações do texto.

Introdução: a principal crítica que Almeida faz logo no início é com relação "aos dois Brasis" que vivemos. Um "moderno", outro "arcaico", separados por um "apartheid cultural". Não é preciso ser nenhum antropólogo para perceber isso. Principalmente por sabermos que nosso país tem uma das mais injustas distribuições de renda do mundo, onde poucso têm tudo, e muitos quase nada.

Diz o autor: "Enquanto a classe baixa defende valores que tendem lentamente a morrer ou a se enfraquecer, a classe alta mantém-se alinhada a muitos dos princípios sociais dominantes nos países já desenvolvidos". Está claro aqui que ele demonstra ser culpa dos menos favorecidos o Brasil retrógrado que ainda vivemos.

Pela passada de olho que já dei no livro, Almeida recorre sempre à justificativa de que "tudo melhora à medida que a escolaridade média da população aumenta". Isso quer dizer, na análise dele, que somente os estudados têm condição de mudar o pensamento e a mentalidade da sociedade. "É a educação que comanda a mentalidade".

Vejam o que ele diz: "Quem passou pelos bancos escolares de uma universidade e obteve algum diploma tende a ser uma pessoa moderna: impessoal; contra o jeitinho brasileiro; contra punições ilegais, como linchamento e estupro, na cadeia, de criminosos condenados pelo mesmo crime; refratária à crença de que o destino está completamente nas mãos de Deus; e a favor de confiar mais nos amigos".

Comento: isso não pode ser regra. Conhecemos muitas pessoas devidamente diplomadas que têm verdadeiro espírito de porco, ou seja, pensam e agem exatamente como ele diz que são os iletrados. O diploma, hoje, muitas vezes comprado, pode representar tão somente uma "classe dominante que acha que o dinheiro compra tudo".

Segundo a pesquisa em que ele se baseou, um homem, jovem, residente da capital de um estado da região Sul ou Sudeste, pode ser mais "moderno" (ou melhor) que uma mulher, de maior faixa etária, e residente em alguma cidade do interior de qualquer estado do Nordeste, considerada "arcaica".

Para encerrar a postagem de hoje e a introdução do livro, Almeida diz que como a maior parte da população brasileira tem escolaridade baixa, pode-se afirmar que o Brasil é arcaico. Assim, a mentalidade de grande parte da população obedecerá às seguintes características:

Apoia o jeitinho brasileiro
É hierárquico
É patrimonialista
É fatalista
Não confia nos amigos
Não tem espírito público
Defende a Lei de Talião - Olho por olho, dente por dente
É contra o liberalismo sexual
É a favor de mais intervenção do Estado na economia
É a favor da censura.

Até a amanhã!

Shalom Adonai